Vice-presidente da AMAPAR, desembargador Clayton Maranhão fala de associativismo, despertar para o Direito e carreira

Rômulo Cardoso Segunda, 01 Abril 2024

Vice-presidente da AMAPAR, desembargador Clayton Maranhão fala de associativismo, despertar para o Direito e carreira

Com o propósito de conhecer um pouco da trajetória de membros da diretoria, a AMAPAR tem publicado entrevistas com magistrados e magistradas que atuam na vice-presidência. Desta vez a conversa foi com o desembargador Clayton de Albuquerque Maranhão. Ao responder as indagações, o magistrado destacou o papel do associativismo, os tempos de MP, o despertar para o direito e algumas atividades de lazer que procura conciliar. 

 

Confira a seguir. 

 

AMAPAR - Como o senhor sintetiza o trabalho da AMAPAR e quais são as principais frentes que a associação deve priorizar em prol das prerrogativas e valorização da magistratura?

 

Clayton Maranhão - Acompanho o associativismo há muitos anos e houve significativa mudança de enfoque. Inicialmente pensado para o lazer, esporte e socialização profissional e familiar, o associativismo hoje está focado na defesa dos direitos e garantias funcionais. Isso porquê o Judiciário assumiu um protagonismo nunca antes visto, angariando resistências de setores da sociedade. A partir do instante em que a atividade jurisdicional tem um chamamento para garantir o Estado Democrático de Direito, inevitavelmente as entidades associativas da magistratura assumiram relevante papel na condução de temas que diariamente são debatidos nas Casas do Congresso Nacional - palco legítimo de participação democrática na moldagem de nossas estruturas republicanas. Nesse contexto, a AMAPAR tem vivido momento ímpar, pois a Associação dos Magistrados Brasileiros - AMB, é atualmente presidida pelo Juiz de Direito Frederico Mendes Júnior, magistrado paranaense que se destaca com grande liderança na magistratura nacional. Os presidentes da AMAPAR com quem tenho convivido desde que assumi a carreira da magistratura, inclusive o Fred, depois o Juiz Geraldo Dutra de Andrade Neto, o Juiz Jederson Suzin e, atualmente, o Juiz Marcel Ferreira dos Santos, trazem sempre um ensinamento de como o associativismo é importante para garantir a independência da magistratura, a meu ver o objetivo perene a ser perseguido.

 

AMAPAR - Ao voltar no tempo, na época que ingressou na magistratura (ou MP). Quais são as principais diferenças, as mais pontuais, no cenário da magistratura brasileira para o momento atual, no que diz respeito à estrutura de trabalho, valorização de magistradas e de magistrados enquanto representantes de Poder e também as diferenças no papel desempenhado pelas associações?

 

Clayton Maranhão - Oriundo da carreira do Ministério Público, onde atuei por 22 anos, estou na Magistratura há mais de 10 anos. Fui, ainda, Procurador do Estado do Paraná pelo período de quase 1 ano. Somado o meu tempo nessas carreiras essenciais à administração da Justiça, estou com mais de 33 anos de serviços prestados. Sou da geração que vivenciou a radical transição da era analógica para a digital. Não é preciso dizer o quanto tudo mudou e é de se imaginar o quanto experimentei. Desde a máquina de escrever ao progressivo uso do aprendizado de máquina (machine learning), dos algoritmos e da inteligência artificial, ou, como se queira, desde o uso de telefonia fixa ao manuseio do telefone celular, com seus aplicativos, redes sociais e canais assíncronos de comunicação digital, não há como tudo isso não ter reflexo no exercício profissional. Pense-se no procedimento digital e no teletrabalho, apenas para citar dois aspectos estruturais Nesse contexto, a AMAPAR tem tido atuação ingente e respeitosa em todas as instâncias, tendo ampla reciprocidade dos dirigentes do Poder Judiciário.

 

AMAPAR - Como despertou o interesse para o Direito e, consequentemente, para ingressar na magistratura?

 

Clayton Maranhão - Sou filho de advogado num tempo em que a atuação profissional era individual, muito diferente dos dias atuais, onde grandes corporações da advocacia prestam serviço especializado e massificado. Meu pai não tinha com quem compartilhar as agruras da profissão. Por isso, era nas refeições diárias que tínhamos uma escuta ativa em família. Seus relatos de casos me chamaram a atenção e muito cedo comecei a trabalhar com ele durante as férias escolares. O gosto pelo direito e pelo justo, transformando a vida das pessoas, resultou inevitável. O ingresso na magistratura requerente (Ministério Público) foi um passo importante para que, na fase madura da vida, casado e com filhos, recebesse o chamado mais importante da minha vida profissional: ser Magistrado (judicante), atribuindo a cada um o que é seu.

 

AMAPAR - No tempo exíguo, que pouco sobra, por conta das atribuições judicantes, quais as principais atividades de lazer que o doutor costuma se inclinar ?

 

Clayton Maranhão - Faço exercícios físicos funcionais frequentemente, como também leciono na Faculdade de Direito da UFPR (outra paixão, inesperada), o que me exige leituras quase diárias nos mais variados âmbitos das ciências jurídicas e sociais, notadamente textos de filosofia, sociologia e economia. Gosto também de estar e viajar com minha família, participar de reuniões sociais com meus amigos, e a isso devo, em grande parte, pelo fato de ser participativo nas gestões da AMAPAR. Cadencio tempos de ampliação dos conhecimentos (cursos de média duração e de línguas estrangeiras) com períodos de intensa atividade associativa. Assim é que curto a paisagem, entre uma estação e outra deste ritual de passagem que se chama viver.

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