Desembargador Eduardo Cambi fala à AMAPAR sobre 10 anos do CPC, IA e apresenta nova obra jurídica
Rômulo Cardoso Segunda, 14 Abril 2025
Lançamentos - Destaque na foto para a visita de cortesia que o desembargador fez recentemente ao presidente da AMAPAR, Marcel Ferreira dos Santos, e ao presidente da AMB, Frederico Mendes Júnior.
Publicado em 16 de março de 2015, o atual Código de Processo Civil (CPC) entrou em vigor um ano depois para substituir o CPC de 1973, que permaneceu em vigência durante mais de quatro décadas.
Referente à primeira década de publicação do importante diploma, a AMAPAR fez uma rápida entrevista com o desembargador do TJPR, Eduardo Cambi. Uma coincidência, que também serviu de pauta para a entrevista, está no lançamento de uma nova obra que tem Cambi como coautor. Dividida em três volumes, recentemente foi lançada pela Editora Foco a quarta edição do Curso de Processo Civil completo. “Eu e mais quatro juristas nos reunimos para pensar como as alterações trazidas em 2015 impactam no processo. A ideia foi abranger todos os temas do Processo Civil”, explica.
Uma década
Sobre os 10 anos de publicação do CPC, o magistrado comentou inicialmente que os operadores ainda estão testando as possibilidades do Código. “O Processo Civil é o dia a dia do magistrado. Cabe ao juiz fazer a gestão do processo, entender o que as partes estão trazendo, tentar a autocomposição, buscar a celeridade da prestação jurisdicional, cuidar do tema da prova, que é um tema sempre muito complexo”, resume. O entrevistado também ressalta que o Processo Civil exige do magistrado muito estudo e a necessidade de criar estratégias para que sejam produzidos os efeitos e os resultados que a lei pretende.
IA - Ainda sobre a atividade de magistrados e de magistradas, o desembargador Eduardo Cambi teceu algumas considerações sobre a utilização da Inteligência Artificial no âmbito do sistema de justiça. “O volume de processos que nós recebemos é invencível. É impossível que um ser humano consiga analisar com detalhes petições longas e arrazoados complexos. Cada vez mais precisaremos da Inteligência Artificial para auxiliar o magistrado na resolução dos problemas”, acredita.
O magistrado também pondera sobre a necessidade de fazer o bom uso da tecnologia. A tecnologia tem que ser validada pelo ser humano. Se nós entendermos que a máquina é melhor que o ser humano para julgar, nós estamos caminhando para o fim do Poder Judiciário tal como concebido”, explica.
Por fim, o magistrado volta ao código para falar da importância de julgadores e julgadoras como figuras imprescindíveis à Justiça. “A grande vantagem de termos uma pessoa julgando é porque você pode olhar nos olhos, sentir o drama das pessoas e pode, muitas vezes, dar uma interpretação que não foi pensada para a lei. O Código foi pensado de forma abstrata e a realidade concreta - e todo dia nós magistrados vemos isso - é bastante dinâmica. Nós precisamos dessa atenção entre o direito abstrato e o caso concreto para encontrar a solução justa para os problemas”, finaliza.