Confira a entrevista com o desembargador Jucimar Novochadlo
Rômulo Cardoso Sexta, 25 Outubro 2024
AMAPAR - Quais fatores motivaram a sua candidatura ao cargo de presidente do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR)? Ao observar a sua trajetória e experiência, quais somas espera trazer à administração do TJPR?
Desembargador Jucimar Novochadlo - Minha candidatura é resultado natural da minha longa trajetória de mais de 35 anos dedicados à magistratura, incluindo a presidência do Tribunal Regional Eleitoral no biênio 2015-2017 e o exercício da função de Corregedor. Conto com a confiança de vários colegas que acreditam na minha capacidade de liderança e gestão. Durante essa caminhada, desenvolvi uma visão clara sobre as necessidades e desafios que nosso Tribunal enfrenta, com um compromisso constante de atuar de forma transparente e eficiente, sempre priorizando a qualidade da prestação jurisdicional.
Nos últimos anos, acompanhei de perto os diferentes estilos de gestão, observando como responderam às diversas demandas apresentadas, desde a pandemia de Covid-19, passando pela massificação das demandas e as diversas orientações do Conselho Nacional de Justiça, até o processo de digitalização e informatização do Judiciário.
Vejo como fundamental o investimento em inovação e transformação digital, não apenas como uma marca isolada de campanha, mas como uma obrigação institucional que gera ganhos concretos tanto para o primeiro quanto para o segundo grau. Ferramentas tecnológicas integradas podem otimizar o trabalho de magistrados e servidores, oferecendo mais agilidade e precisão na resolução dos processos, ampliando o acesso à Justiça de forma mais inclusiva.
Além disso, trago um profundo respeito pela história e grandeza do TJPR, com o desejo de contribuir para que a instituição continue sendo uma referência nacional em termos de eficiência e compromisso com a qualidade dos serviços prestados. Minha experiência e dedicação serão o alicerce para uma gestão que une tradição e inovação, sempre com o foco em melhorar o serviço público oferecido à sociedade.
AMAPAR - O planejamento estratégico do Poder Judiciário inclui a definição da missão, visão, valores, macrodesafios e indicadores de desempenho. Qual ou quais macrodesafios o (a) candidato (a) reputa serem prioridade no âmbito do TJPR? Por quais motivos?
Desembargador Jucimar Novochadlo - Como candidato à presidência do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR) para o biênio 2025-2026, acredito que alguns macrodesafios são de extrema prioridade para garantir a eficiência e a justiça no nosso sistema judiciário, conforme delineado no Planejamento Estratégico 2021-2026 do TJPR.
Primeiramente, a modernização administrativa e a eficiência na prestação jurisdicional são prioridades absolutas. A integração de tecnologias, como a inteligência artificial, é fundamental para otimizar o trabalho diário dos magistrados e servidores. Reduzir a burocracia e agilizar os processos são passos essenciais para melhorar a qualidade do serviço oferecido à sociedade.
Minha proposta de gestão está alicerçada em três pilares: transparência, valorização e qualidade dos serviços. A transparência é crucial para uma gestão eficiente e comprometida com o bem público, garantindo que os recursos sejam alocados de forma responsável, visando sempre a inovação e a eficiência. A valorização da magistratura e dos servidores é fundamental, pois, com o crescente aumento das demandas e responsabilidades, é essencial reconhecer e recompensar aqueles que dedicam seu trabalho para assegurar uma prestação jurisdicional de qualidade.
A transformação digital, porém, não deve ser vista como uma iniciativa isolada, mas sim como uma obrigação institucional que impacta diretamente o trabalho de toda a magistratura. Ela vai além da simples digitalização de processos, abrangendo decisões baseadas em dados e práticas inovadoras para modernizar as operações e fortalecer a transparência.
Outro desafio importante é a valorização da magistratura e dos servidores, com a criação de políticas remuneratórias justas e oportunidades contínuas de capacitação. Acredito que um ambiente de trabalho motivador, com profissionais capacitados e valorizados, reflete diretamente na excelência do serviço prestado à população.
Ademais, fortalecer as parcerias interinstitucionais é essencial para garantir a execução desses desafios de forma integrada, sempre alinhada às diretrizes do CNJ e às políticas públicas estaduais. A recente revisão da identidade institucional do TJPR, que inclui valores como sustentabilidade, diversidade e integridade, reforça esse compromisso com a modernização e eficiência.
Além disso, é importante ressaltar que, durante a próxima gestão, iniciaremos o processo de construção do Planejamento Estratégico 2027-2032. Este documento será fundamental para definir os rumos do TJPR nos próximos anos, refletindo o compromisso da instituição com a modernidade e a excelência. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) tem um papel crucial nesse processo, pois não só desenvolve o planejamento estratégico para o Judiciário nacional, mas também exige que os tribunais estaduais criem seus próprios planos, com base nas diretrizes estabelecidas pelo CNJ. O acompanhamento contínuo garante que estejamos alinhados com as metas de eficiência, transparência e acesso à Justiça.
AMAPAR - Quais são as questões prementes na administração do TJPR e voltadas ao 1° grau que o senhor considera mais urgentes a serem tratadas e resolvidas?
Desembargador Jucimar Novochadlo - No 1º grau, as questões mais urgentes estão relacionadas à inclusão digital e à modernização dos processos de trabalho. Expandir os pontos de inclusão digital, especialmente em áreas mais remotas, é crucial para garantir o acesso de todos os cidadãos à Justiça. Isso não só promove inclusão social, mas também melhora a eficiência do trabalho judicial.
A modernização das condições de trabalho dos magistrados e servidores é igualmente urgente. Investir em infraestrutura e em ferramentas tecnológicas, como a atualização contínua do sistema PROJUDI, é essencial para que os procedimentos sejam realizados de forma cada vez mais ágil e segura.
O relatório "Justiça em Números 2024", do CNJ, apontou que mais de 80% dos quase 84 milhões de processos em curso tramitam nas justiças estaduais, evidenciando o grande desafio enfrentado pelo 1º grau de jurisdição. A valorização dos recursos humanos, o fortalecimento das estruturas de trabalho e a incorporação de avanços tecnológicos são fundamentais para lidar com esse volume de processos. Além disso, projetos inovadores focados em temas como infância, violência contra a mulher e acessibilidade devem ser incentivados e replicados.
AMAPAR - Quais são as questões prementes na administração do TJPR e voltadas ao 2º grau que o senhor considera mais urgentes a serem tratadas e resolvidas?
Desembargador Jucimar Novochadlo - No 2º grau, vejo como prioridade a modernização administrativa para aumentar a produtividade dos desembargadores e servidores. A automação de tarefas repetitivas e a criação de sistemas mais integrados são fundamentais para facilitar o fluxo de trabalho e agilizar a tramitação dos processos, com benefícios diretos para a eficiência do Judiciário.
Nos últimos anos, o aumento no número de magistrados no 1º grau, com a criação de novas comarcas e cargos, teve impacto direto no volume de processos julgados e, consequentemente, no número de recursos interpostos no 2º grau. O 2º grau não pode se tornar um gargalo para a solução desses processos, e, portanto, é necessário reforçar as estruturas de pessoal nos gabinetes e priorizar a pauta remuneratória.
É essencial promover uma troca constante de experiências e boas práticas entre os magistrados do 2º grau. Seminários, workshops e encontros regulares sobre gestão judiciária são importantes para maximizar o potencial de colaboração e inovação entre os membros do Tribunal.
AMAPAR - A AMAPAR sempre tem procurado contribuir com a administração do TJPR, seja na apresentação de requerimentos e sugestões, seja no auxílio à cúpula em demandas consideradas principais para qualificar a prestação jurisdicional e a estrutura de trabalho da magistratura. Como espera se relacionar com a AMAPAR?
Desembargador Jucimar Novochadlo - Pretendo manter uma relação de proximidade e diálogo constante com a AMAPAR, reconhecendo o papel da entidade como porta-voz das necessidades da magistratura. O diálogo é essencial para garantir que questões fundamentais, como políticas remuneratórias e condições de trabalho, sejam tratadas com atenção e agilidade.
Um ponto central da minha gestão será o fortalecimento da capacitação contínua de magistrados e servidores. Nesse sentido, a colaboração com a AMAPAR será crucial para o desenvolvimento de novos programas de treinamento. Vejo como fundamental expandir a parceria entre a EMAP e a EJUD-PR, especialmente para aumentar o acesso à capacitação no interior do estado, reativando polos regionais de formação.
Por fim, espero que a AMAPAR continue sendo uma parceira ativa no desenvolvimento de projetos inovadores para o TJPR. A sinergia entre as duas instituições será essencial para enfrentar os desafios do futuro e garantir que o Tribunal de Justiça do Paraná se mantenha como uma referência de excelência em todo o país. Pretendo manter uma relação colaborativa, sem deixar de observar a independência e peculiaridades de cada uma das instituições.
AMAPAR - Quais são as suas considerações finais?
Desembargador Jucimar Novochadlo - Estou confiante de que minha experiência acumulada ao longo de 35 anos na magistratura, combinada com meu compromisso com a modernização e valorização do TJPR, contribuirá para uma gestão que une tradição e inovação. O investimento em transformação digital e inovação não deve ser uma marca de campanha isolada, mas sim uma obrigação institucional que trará benefícios concretos para o primeiro e segundo grau, refletindo no trabalho de toda a magistratura.
Meu compromisso é com uma gestão eficiente e acessível, que coloca o cidadão no centro das decisões. Acredito que, com uma administração transparente e colaborativa, poderemos enfrentar os desafios contemporâneos e consolidar o TJPR como uma referência nacional em termos de qualidade e agilidade.
Quero fazer uma gestão voltada para preservar a boa reputação externa do nosso Tribunal, sem esquecer de olhar para dentro da nossa casa. O nosso Tribunal de Justiça é muito mais do que números, selos ou prêmios. O que temos de mais precioso são as pessoas que fazem nosso Tribunal. Pretendo olhar para todos, magistrados e servidores, como a verdadeira força que coloca nosso Tribunal em lugar de prestígio nacional. Magistrados e servidores merecem nossa atenção e reconhecimento, pois são eles que fazem a diferença.
Para isso, é essencial que promovamos um ambiente de pertencimento e acolhimento institucional. Meu gabinete estará sempre de portas abertas. Reconhecer e valorizar todos os que constroem nossa instituição diariamente significa garantir que eles tenham o suporte necessário para desempenhar suas funções com bem-estar e equilíbrio, sem comprometimento de sua saúde mental. Nossa política de gestão precisa focar, antes de tudo, nas pessoas e nas ações internas que promovam esse cuidado essencial.
Convido a todos a se juntarem a mim nesta jornada de fortalecimento do nosso Tribunal e aprimoramento dos serviços prestados à sociedade paranaense. Estou à disposição para manter este diálogo e construirmos, juntos, o Tribunal do amanhã.