"A Amapar é um órgão protetor dos interesses da magistratura", destaca o desembargador Nilson Mizuta em entrevista
Rômulo Cardoso Segunda, 19 Setembro 2022
Depois de 45 anos dedicados à vida judicante, o desembargador Nilson Mizuta, aos 75 anos de idade, se aposentou recentemente, de forma compulsória, da carreira da magistratura paranaense. Na entrevista que concedeu à Amapar, o magistrado fala da marca indelével, com as mais de quatro décadas dedicadas à toga. “Fica um vazio e ainda estou lidando para preencher esse vazio. Mas, com certeza, vou encontrar o benefício da aposentadoria”, revela o desembargador Mizuta.
Na conversa, a natural memória aos primeiros momentos da carreira. Nilson Mizuta ingressou nos quadros da magistratura paranaense em 1977, período distante do processo eletrônico e até anterior à Lei Orgânica da Magistratura Nacional, como lembrou o magistrado.
“Quando o pessoal do meu concurso ingressou na carreira, não existia a LOMAN. Do jeito que tudo hoje é planejado, estruturado, ao comparar, a carreira funcionava meio que no improviso. Naquela época era muito comum o juiz substituto atender o chamado recesso coletivo, nas férias de janeiro e de julho. O juiz substituto assumia sem um curso de formação, por exemplo. Esse curso é uma estrutura relativamente recente. Realmente, era uma tarefa bem árdua e bem estafante”, lembra.
O JUIZ NO INTERIOR
Nilson Mizuta nasceu em Avaré, no interior de São Paulo, no dia 6 de setembro de 1947. A infância e a juventude foram em terras paranaenses, na cidade de Assaí, pertinho de Londrina. A faculdade de direito foi cursada na UEL e grande parte da carreira de magistrado foi no interior.
A carreira, como substituto, foi iniciada na seção judiciária de Francisco Beltrão. A titularidade veio na comarca de Cidade Gaúcha e depois foi removido para Colorado. Em seguida, a promoção para Paranavaí e, posteriormente, para Cascavel. “O juiz no interior do Estado personifica a própria autoridade. O exercício da função do juiz está envolto numa aura de maior responsabilidade. As pessoas no interior não separam o Poder Judiciário do juiz”, aponta o Mizuta.
Já na capital paranaense, depois de atuar no primeiro grau, Mizuta ingressou no Tribunal de Alçada. Recorda que o volume de trabalho do “Alçada” era enorme. “No Tribunal de Alçada era bem maior a demanda, talvez em complexidade não fosse igual, mas em volume, a demanda era bem maior que a dos desembargadores”, compara.
A AMAPAR NA VIDA DO MAGISTRADO
O desembargador não apenas destaca a importância da Amapar como também contribuiu de forma singular na entidade. As últimas cinco eleições para formação das respectivas diretorias tiveram o magistrado na função de presidente da comissão eleitoral. De novo, ao recordar do início da carreira, fala da evolução da entidade. “Quando eu entrei na magistratura, a Amapar era como se fosse um grêmio recreativo”, disse. Também lembra que a sigla era outra - AMP - , além das sedes recreativas, como a de Guaratuba e a Casa do Magistrado no bairro Pilarzinho.
Não deixa de lado, muito pelo contrário, o crescimento da Amapar também no quesito de destinar segurança aos magistrados e aos familiares com as instituições da Mútua Judiciária e da Judicemed. “A Amapar passou a dar segurança à magistratura”. Na atual quadra, Mizuta percebe a entidade com a atuação voltada às prerrogativas. “Um órgão protetor dos interesses da magistratura”, acrescenta.
Ainda, no âmbito associativo, comemora a candidatura do magistrado e amigo pessoal, o juiz Frederico Mendes Junior, à presidência da AMB, recentemente oficializada. “O Frederico sempre foi um político muito hábil, sempre transitou bem por todas as esferas. A meu ver, todo esse trânsito ajudou ele a se consolidar como líder e até a desestimular um eventual concorrente. Ele é muito agregador e carismático. Eu não posso elogiar muito, pois ele é meu amigo particular”, pontua.
Ao responder a pergunta derradeira, sobre planos para a nova etapa da vida, ele disse não ter nada programado especificamente. “Eu sempre pensei que, depois da aposentadoria, eu não queria mais ter compromisso e nem pensar mais no que vou fazer daqui uma semana”, brinca, ao falar, agora, de não ter mais a rotina diária de trabalho e a preocupação que alimentava todos os domingos antes de iniciar a semana de sessões, decisões e demais compromissos atinentes à função judicante.